
Há dias em que chove lá fora e também aqui dentro. Já estamos no verão, mas sequer temos sinal dessa estação. Dias frios substituem dias quentes. Qual é a certeza que temos daqui para frente?
É claro que a natureza vai dando seus sinais, mas estamos tão ocupados com pensamentos banais que deixamos de ouvir chamados reais. O ser humano não me surpreende mais, não positivamente. Esse é o grande problema de quem observa tudo e pensa constantemente.
Nunca vi chover tanto nesta cidade. Quando foi mesmo a última vez que chorei de felicidade? Não acredito que deixei acabar o café. Sem ele, é impossível me manter com fé.
No estacionamento do supermercado, havia um rapaz todo ensopado. De carro, com o vidro fechado, não consegui ler o seu recado. Ele acena e sorri, e eu finjo que não vi. Vai que ele pede uma carona? Como vou dizer que não confio na sua persona?
Eu sempre pratiquei a caridade, mas… quando deixei de acreditar na humanidade? Minha mente não me deixou em paz; eu sabia que precisava fazer algo por aquele rapaz. Embaixo da chuva, fui andando até ele e, a cada passo em sua direção, senti uma reconexão com o meu próprio coração.
Todo ser humano carrega uma dor, mas o que nos une, se não o amor?
"Oi, em que posso te ajudar?" E ele disse: "Eu sabia que você iria voltar."
“Desculpa, mas não entendi!” “Eu só preciso de dinheiro para ir dormir.”
Dei-lhe um trocado e ele disse que tinha mais um recado:“Pode parecer estranho, mas tive uma visão, sabia que precisava te ajudar a elevar a vibração.”
Ele estava certo. Há dias eu caminhava na escuridão e, ao segurar na minha mão, olhou-me com compaixão.
“Às vezes, para voltar a sorrir, a gente só precisa se permitir. O maior pecado que alguém pode carregar é deixar a vida inteira passar sem aproveitar. Eu sou um vagante, estou de passagem, mas faço questão de viver toda a viagem. Assim, sinto-me feliz, tenho mais motivos para sorrir do que me deprimir.”
A água da chuva que escorria pelo meu rosto trazia à minha alma um novo gosto. Olhei para o céu e imediatamente entendi: Deus encontra formas diferentes de nos fazer sorrir.
Encontrar a essência é o sentido da existência. E o amor é o que eleva nossa consciência.
Quando eu poderia imaginar que aquele estranho tinha tanto a me acrescentar?
E antes que eu pudesse partir, ele me disse:
“Sua alma sabe para onde ir. Prazer meu nome é Sam.”
Até Breve,
Samira