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CONTOS ASTROLÓGICOS – SEMANA 12/05 À 18/05/25

  • Writer: samira fernandes
    samira fernandes
  • 1 day ago
  • 4 min read

Inspirado pelas energias da semana — com Sol em conjunção a Urano em Touro e Mercúrio em Touro em quadratura com Marte em Leão — este conto reflete sobre a chegada de mudanças inesperadas que podem estremecer nossa zona de conforto, mas que, ao final, podem nos alinhar com a verdadeira trajetória da alma.


17 de Maio, 2025.


Há semanas venho me sentindo ansioso, impaciente e irritado com coisas mínimas. Mas ontem... foi o estopim. Minha esposa, Clara, conseguiu realmente me tirar do sério. Estamos casados há pouco mais de dois anos e, ultimamente, os desentendimentos têm se tornado cada vez mais frequentes. Sempre ouvi falar da famosa 'crise dos sete anos' — mas será que existe também uma crise dos dois? Ou será que os astros não estão ao nosso favor?


Quando namorávamos, nosso relacionamento era ótimo. Eu conseguia dedicar tempo às coisas que considerava importantes e, ao mesmo tempo, nossos momentos juntos eram de qualidade. Mas, depois que nos casamos, a rotina e as obrigações começaram a tomar conta — e aquele brilho que um dia parecia tão intenso hoje vem, pouco a pouco, perdendo a força.

 

Não é que eu tenha deixado de amá-la. A verdade é que talvez eu ainda não tenha aprendido a conciliar minhas necessidades pessoais com as demandas do nosso relacionamento. Sinto falta de mim mesmo, de ter tempo para fazer as coisas que realmente me fazem bem. Também sinto saudades de nós — de quem éramos há poucos anos atrás, quando tudo parecia mais simples e leve.


Ontem, muita coisa veio à tona. O peso das nossas palavras cresceu de forma desproporcional. Insatisfações de todos os lados, teimosia de ambas as partes e provocações. Eu, sinceramente, me vi completamente surpreso quando ela disse que talvez fosse melhor nos separarmos. Sabia que ela não estava feliz, mas... a esse ponto?

 

O que parecia sólido, de repente, se tornou instável. E eu me vi sem chão.

 

Fiquei em silêncio por longos segundos, tentando entender se aquilo era um desabafo impulsivo ou uma decisão já amadurecida em silêncio. Olhei para Clara, e pela primeira vez em muito tempo, enxerguei nela não apenas minha esposa, mas uma mulher exausta. Não de mim, necessariamente — mas de tudo: da rotina, das cobranças, da ausência de alegria nas pequenas coisas. Me perguntei se ela também estava enxergando o mesmo em mim.

 

Tentei minimizar a gravidade do que ela dizia, ponderei as minhas palavras, afim de encontrar um ponto de equilíbrio — mas não chegamos a lugar nenhum. Estávamos emocionalmente desgastados. Precisávamos colocar a cabeça no travesseiro e dormir. Com a mente mais clara, talvez conseguíssemos retomar esse assunto — um assunto que eu jamais imaginei ter que enfrentar.

 

Hoje de manhã, antes que ela acordasse, saí para correr. No meio do caminho, recebi uma ligação do meu irmão.

 

“Leandro, tenho ótimas notícias!” — disse ele, animado. — “Depois de meses negociando, consegui incluir seus quadros na exposição de arte em Nova York no fim do mês. Na verdade, um artista cancelou a participação de última hora, e conseguiram encaixar você.” — concluiu.

 

Por um instante, parei no meio da calçada. O coração acelerado — não só pela corrida — mas pelo impacto da notícia. Nova York. A exposição que eu tanto sonhava. Era tudo o que eu buscava há meses… e agora, surgia assim, de repente, no meio do caos pessoal que eu estava vivendo.


“Qual artista não vai mais?” – questionei.

“Não sei, na verdade tanto faz. Não me atentei a isso, acabei de receber o email e te liguei. Achei que você ficaria mais animado com a notícia!” – disse ele confuso.

“Eu estou animado, mas... meu casamento está por um fio. Clara e eu discutimos ontem e estamos pensando em nos separar.” – desabafei.

“Nossa! Eu notei que vocês estavam distantes, mas não imaginei que chegaria nesse ponto.”

“Nem eu imaginei...”

“Bom, o que posso te dizer é: não tome nenhuma atitude impulsiva que você vá se arrepender depois. Quem sabe, essa viagem seja além de uma oportunidade profissional, também um sinal do Universo para você refletir sobre como você se sente nessa relação.” – disse meu irmão.

 

Talvez ele tivesse razão. Talvez essa viagem fosse mais do que uma chance de mostrar meu trabalho ao mundo. Talvez fosse uma chance de me reencontrar — e de reencontrar nós dois. Afinal algumas mudanças são para melhor, certo?

 

Quando abri a porta, Clara estava na cozinha, ainda de pijama, tomando um café em silêncio. Seus olhos vieram ao encontro dos meus com um misto de tristeza e ressaca moral pelas palavras ásperas e reações bruscas que tivémos ontem à noite.


— “Clara... — comecei, me aproximando devagar. — Eu fui correr. Precisava pensar. Meu irmão me ligou. Conseguiu encaixar meus quadros numa exposição em Nova York. É no fim do mês.”

 

Ela me olhou, surpresa.

 

— “Uau... Isso é enorme. Parabéns.”

— “Obrigado. Mas não é só isso que eu queria te dizer. Eu... Eu não quero que a gente termine assim. Não sem tentar entender o que está acontecendo com a gente.”

 

Ela abaixou os olhos por um segundo, mexendo distraidamente na caneca e eu continuei:


— “Eu preciso dessa viagem. Não só pela arte. Eu preciso sair um pouco pra me escutar. Mas não quero ir sem que você saiba que eu quero voltar.”

 

Por um momento, nenhum de nós disse nada. Apenas nos olhamos, até que ela disse:


— “Eu não sei por onde podemos recomeçar, mas acredito que precisamos desse espaço. E você deve, com certeza, aproveitar essa grande oportunidade.”


Clara sempre foi uma grande incentivadora dos meus projetos artísticos — e não tê-la ao meu lado durante a viagem será algo completamente novo para mim. Mas, talvez, o amor também seja isso: saber a hora de se afastar para, então, poder se reencontrar.


Naquele instante, em meio ao tudo ou nada, percebi que aceitar as mudanças que se apresentavam era a única forma de tentar salvar o nosso casamento. Uma nova maturidade emocional pareceu, então, assumir o comando — algo que há semanas vinha sendo sufocado pelas nossas inseguranças e ressentimentos.


Nada disso estava nos meus planos, mas comecei a entender que, às vezes, a vida nos tira do roteiro justamente para nos colocar no caminho certo. Apesar das incertezas, algo dentro de mim dizia que as coisas estavam se rearranjando — não como eu esperava, mas exatamente como deveriam ser.


Até breve,

Samira Stoiani


 
 

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