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O passarinho que tinha medo de voar


Em um dia de inverno não muito distante, um passarinho veio me visitar pela manhã e me trouxe uma estória.


Ele, primeiramente, me perguntou o que eu diria se soubesse da existência de um pássaro que tem medo de voar? Minha resposta foi imediata: “Impossível, um pássaro nasceu para voar”.


Então ele me contou a seguinte estória...


“Certa vez, migrando de uma região para outra, soube da existência de um passarinho que tinha medo de voar, decidi constatar com meus próprios olhos se isso seria possível, pois assim como você eu também duvidei da veracidade daquilo que haviam me contado.


Quando o vi pela primeira vez, fiquei encantado, suas penas eram lindas como nenhuma outra e suas asas perfeitas. Morava no jardim e dava pequenos pulos para se locomover, mas nunca se quer havia permitido sentir a sensação de liberdade ao voar.


O jardim era amplo e belo, então, ele havia se conformado de que ali era o melhor lugar para se estar. Vivia na companhia de esquilos que reforçavam as suas ideias de que não era necessário se arriscar voando para ser feliz.


Era notório como ele se encantava com as borboletas e com a delicadeza de suas asas, as admirava pela capacidade que tinham de flutuarem com o vento. Frequentemente recebia a visita de outros passarinhos que lhe contavam como o mundo à fora era incrível e que não existia sensação melhor na vida do que voar.


Com o tempo ele passou a incomodar-se com os demais que tinham a coragem de voar e lhe contavam suas aventuras, afinal ele sabia que também deveria estar realizando sua natureza.


Numa determinada manhã, para sua surpresa, recebeu a visita inesperada de um gato que parecia muito curioso com todos os animais que ali moravam. O passarinho por sua vez, apavorado, viu-se sem saída, estava assustado com o felino, acreditava que o seu destino já era certo.


Entretanto, para sua sorte havia um outro passarinho muito generoso que, assim como eu, também costumava observa-lo e disse: “Amigo, faça como eu, bata suas asas e voe!”.


O passarinho que não sabia voar, amedrontado com o gato, replicou: “ Não posso! Isso não é para mim, nasci para ficar no chão”. Então, num ato de fraternidade, vi o passarinho generoso pousar no jardim e por diversas vezes mostrar ao passarinho medroso como se deveria fazer e lhe dizia:


“Voe, você é capaz! Parecemos pequenos e frágeis diante do mundo, mas somos mais fortes e resistentes do que você pode imaginar! Voe! Não se esqueça da sua natureza, você possui belas asas e elas tem um propósito na sua vida, utilize-as e voe! Só você pode fazer isso.”


Encorajado com as palavras do seu novo amigo, realizou aquilo que jamais pensou que seria capaz de fazer... voar.


Daquele dia em diante tornou-se referência para todos os outros, pois nunca mais deixou de acreditar em si e hoje é conhecido não como aquele que tem medo de voar, mas como o mais corajoso de todos, por enfrentar seus medos.”


Ao terminar de me contar a estória, o passarinho que me observava atentamente, finalizou dizendo: “Liberte-se, permita que a sua luz interior brilhe, pois o mundo também quer te ver voar!”


Lhe agradeci por aqueles instantes de conexão e passei o resto do meu dia reflexiva sobre tudo aquilo que eu havia escutado.


Entendi que é preciso coragem para romper a gaiola que nos aprisiona, pois vivemos num período de tanto ruído externo que necessitamos estar constantemente vigilantes para não sermos afetados pelo meio.


Estamos todos conectados, de modo que ao nos libertarmos, ajudamos outros seres a encontrarem os seus caminhos de reconexão com a essência.


Percebi que, talvez, o nosso objetivo de vida seja corresponder com aquilo que nos foi dado, relembrar o que viemos realizar e entregar nossa magia ao mundo. Se aos nossos olhos parece impossível um passarinho ter medo de voar, aos olhos da Natureza, também parece impossível termos medo de realizar nosso papel no mundo.


Desejo que o Espírito do passarinho possa te inspirar a ter coragem de esticar suas asas e voar, pois o mundo precisa de você!


Até breve,

Samira Stoiani

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