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O Progresso Espiritual de uma Mente Vigiada


Ao caminhar pelas filosofias orientais em busca de conhecimento espiritual entendi que o real sentido dessa jornada é quando transformamos o conhecimento em sabedoria.


Para quem, assim como eu, almeja o progresso espiritual, posso dizer que a percepção da Verdade se dá somente com a prática e a menos que nós aprendamos a controlar nossa mente e nossos sentidos, que andam lado a lado, não haverá êxito na subida da escada evolutiva.


“Pelo esforço, pela reflexão, pela vigilância e pelo autodomínio, o sábio se torna uma ilha jamais submersa pelas vagas”. – Dhammapada, capítulo II – Vigilância ou Atenção Plena, verso 25.


“Por ignorância os insensatos se entregam a negligência. Os sábios mantêm a vigilância (atenção plena) como o tesouro mais precioso.” Dhammapada, capítulo II – Vigilância ou Atenção Plena, verso 26.


Lutamos constantemente contra nossa mente que, na maioria das vezes, nos desencoraja e parece funcionar como um impeditivo na realização do nosso Eu verdadeiro. Em realidade, nossa mente pode nos elevar ou nos derrubar, em outras palavras, a mente pode ser nossa melhor amiga ou nossa pior inimiga, de maneira que nenhum outro ser humano pode nos fazer tão mal quanto os nossos próprios pensamentos.


O funcionamento da mente no seu estado de ignorância, assim dizendo, quando simplesmente vivemos no piloto automático, fugindo de nós mesmos e sem desenvolver uma significativa vida interior, estamos como folhas jogadas ao vento, sendo dominados pelos nossos desejos e presos num mesmo padrão de pensamentos que se repetem ano após ano.


“Qualquer que seja o mal que alguém faça a quem odeie, ou entre si façam dois inimigos, maior mal é o causado pela mente mal dirigida.” – Dhammapada, capítulo III – A Mente, verso 42.


Na perspectiva de um monge, o maior poder que uma pessoa pode ter é o autocontrole, isto é, treinar a mente para direcioná-la no seu objetivo principal, seja ele qual for, independentemente dos inúmeros distrativos externos existentes. Mas e na vida longe das montanhas e fora dos monastérios, seria isso possível?


“Krishna diz: O Arjuna, o que você diz está correto; a mente é realmente muito difícil de conter, mas com prática e desapego isso pode ser controlado.” – Bhagavad Gita, capítulo 6, verso 35.


Segundo as tradições orientais, o primeiro passo para a obtenção do domínio da mente se dá através da vigilância dos próprios pensamentos, isto é, estar consciente do seu diálogo interno, de modo que é necessário que aprendamos a decifrar qual o tipo de pensamento a nossa mente vêm cultivando.


No Bhagavad Gita quando Krishna fala sobre a possibilidade de remodelar a mente, há basicamente duas coisas a serem levadas em consideração: desapego ou Vairāgya e prática ou Abhyās.


A eliminação do apego tende a erradicar as divagações desnecessárias da mente, sendo, portanto, crucial a não identificação com a mesma, sabendo que nossos pensamentos são como nuvens passageiras que vem e vão. O desapego consiste na compreensão de que nós somos os observadores desses pensamentos e não o pensamento em si.


Não leve sua mente e seus pensamentos tão a sério, questione-os e substitua-os sempre que necessário. Entenda que esses pensamentos podem ter sido criados a muito tempo à trás e hoje já não condizem mais com a sua situação atual e seus objetivos.


Já a prática, arrisco-me a dizer que talvez seja o passo principal nesse desafio, pois é aquele esforço constante para mudar um hábito antigo e criar novas impressões. Somente a vontade de vencer a si mesmo, aliado à disciplina e a conexão com algo mais elevado pode nos fazer persistentes e vencedores nessa batalha interior.


Devemos proteger nossa mente da negatividade, das tentações e de todos os distrativos financiados pela sociedade. A conquista só é mantida com o estilo de vida adequado, a constância vigilância e com objetivos claros de onde queremos chegar e quem queremos nos tornar.


É difícil controlar a mente, mas não é impossível. A conquista de si próprio é diária e precisamos estar engajados nesse desafio.


“Mais glorioso não é quem vence em batalhas milhares de homens, mas, sim, quem a si mesmo vence.” - Dhammapada, capítulo VIII – Melhor do que Milhares, verso 103.


Desejo que você consiga ser o grande herói dessa sua batalha diária, atento, vigilante e sabendo redirecionar os pensamentos que te impedem de chegar onde sua alma deseja e anseia, pois um ser humano sob o controle da sua mente é realmente uma grande alma.


Até breve,

Samira Stoiani


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